sábado, 9 de outubro de 2010

Ânsia

Se tudo está do jeito que você queria... pra que essa angústia? Esse frio na barriga. Essa sensação de que tem alguma coisa pra fazer... tem alguém pra ver. Se você fez o seu melhor deixando ela ir, tomando café, correndo atrás do certo, repensando atitudes, preparando mais café, moldando charadas sem resposta pra si mesmo de propósito, só pra te manter acordado a noite toda pensando em si mesmo. Afinal, alguém no mundo precisa fazer isso.
Altruísmo só serve pra atitudes. No universo mental quem manda é o eu-lírico. Cada qual tem sua malha de psique pra tecer. Algo forte como couro, que proteja os olhos da sua mente das porcarias que o mundo joga aos ventos, mas fino, como seda, que te permita ver, analisar, entender o que te atinge, mesmo que não possa te fazer nem um arranhão sequer.
Você sabe como ser imune a tudo e descobriu sozinho. Então o que te aflinge? O que é esse olhar distante? Você não sabe definir se é bom ou ruim, se é nostalgia ou se está ansioso pelo futuro.

A real é que você pensa demais. Pensa tanto no que julgar errado que não te sobra tempo pra ser inocente por um segundo e abraçar uma única ideia que te conforte de verdade.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Quando eu era um samurai...

Quando eu era um samurai eu chegava da escolinha umas 17:00... o Sol estava sempre pra se pôr.
Eu não me importava com o que as pessoas pensassem de mim, eu não julgava, eu não cobrava de mim mesmo.
Quando eu era um samurai eu não me enxergava diferente dos outros. Todo brinquedo de R$ 1,99 aguçava a imaginação e quebrar, sem querer, a porta do carrinho de ferro do meu pai não parecia uma grande coisa até ele chegar.
Quando eu era um samurai eu tinha uma lancheira azul. Não me lembro se era a mais chique ou se vinham os doces mais baratos da venda dentro dela. Só lembro que depois de usa-la tinha um colchonete colorido onde tinha uma televisão que passava desenhos até a soneca chegar.
Quando eu era um samurai eu não sabia mentir. Enganar alguém nunca me foi útil.
Quando eu era um samurai eu tinha um pandeiro brilhante que eu transformei num ringue redondo pra lutas épicas do tipo: Super-Homem X Goku // Homem-Aranha X Pikachu // Batman com roupa de mergulho X Shiryu.
Quando eu era um samurai meu quarto era meu templo. Meu quintal era o mundo e um pregador, um pedaço de barbante e alguns varais eram o suficiente pra virar batalhas de 3 dias contra o ciclope gigante.
Quando eu era um samurai eu ganhava uma vez a cada 3 anos um pacote enorme no natal que vinha com o meu nome e de todos os meus irmãos pra que agente abrisse juntos e aquilo fizesse uma bagunça que também não ia importar.
Quando eu era um samurai eu tirava ferias de julho.
Quando eu era um samurai eu não sabia o que era um enterro...
Quando eu era um samurai eu não precisava forçar carisma. Não fazia nada por conveniência.

Aos poucos fui esquecendo que era um guerreiro pra dar lugar a ser bombeiro, médico ou advogado... sei lá... qualquer coisa que os adultos falavam ser legal.

Hoje, o que eu queria mesmo era ser um samurai.