terça-feira, 22 de março de 2011

Acalma essa tempestade dentro de si.
Usa qualquer argumento que sopre um vento contra a tormenta insana.
Toma qualquer providência... se fecha, se afoga dentro de ti.
Mas se precisar de mim, por favor, não se aguenta...
Chama.

sábado, 19 de março de 2011

Presença

Não me importo de estar aqui.
Não quero ser o bem maior.
Só quero ser a gota de conforto.
A quase escassa idéia de que tudo está um caos, mas não pra sempre.
Que o seu passado nunca esteve nas suas ou em quaisquer outras mãos, mas que cada borrão que enxarca o quadro interminado do seu futuro vem da tinta do seu pincel.
Se precisar de abrigo a casa é sua. E se precisar escolher... fuja da indiferença, e não da dor.
O doloroso arde e cicatriza, o indiferente consome e leva, se acostuma, se aloja.
O amor é movido pela mesma força que o ódio.
O amor precisa do caos. Amor que não dói, que não afeta, que não muda... não existe.
Me atormenta a idéia de não ter o efeito que você precise. Mas me conforta a idéia de que eu tive a opção de não sofrer qualquer dor que não fosse minha, mas estou aqui. E não me importo.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Folião do Ano.

O dia amanhece cinza, não temos planos pro jantar e as contas não estão em dia... mas isso pode esperar, porque hoje eu comprei um passaporte da alegria.
Relacionamentos se acabaram, memórias estão frescas e ninguém nunca mais deu trela... mas hoje minha escola desfila e eu terei olhos só pra ela.
As famílias estão mudando, os amigos estão sumindo e, em silêncio, entristeço... mas os bares estão cheios, bebo um pouco e logo esqueço.
Cidadão pede esmola, criança pede sonho e deputado pede aumento... Mas hoje eu vou atrás do trio elétrico e canto tão alto que arranco horas de um momento.

Finjo que estou feliz só por um dia ou três... eu mereço, afinal.
Pulo, danço e festejo... ora, é Carnaval!
Me distraio do que me machuca até a folia resolver tudo no final.
Acho que é daí que vem a impressão de que a quarta de cinzas é tão próxima do Natal.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Rotina

Abre os olhos... Já é hora.
Se banha, se arruma, se apressa... Agora!
Corre pra fila do rebanho mameluco, cafuzo... maluco, confuso.
Se expreme no meio do sono, do stress, do abuso.
Põe o mantra pra tocar no ouvido e faz uma reza.
Se sente deslocado ao pensar coisas que ninguém mais preza.
Observa a impaciência da manada quando a carroça se move mais lenta.
Como quem acha que o tempo se move em função do salário que aumenta.
Seja a ovelha negra, a cabeça solitária do gado.
Que imagina como tudo seria se seu real habitat não o tivesse sido negado.
Cumpre teu papel (e quanto papel). Deita a cabeça no travesseiro.
Se conforta em lembrar que as coisas boas exitem numa frase, num poema ou num cheiro (e que cheiro).